Entrevista Paulão das Velhas Virgens
Em breve teremos mais um show da Velhas Virgens em Salvadorr (infelizmente adiado para Maio de 2019). Para nós (e para muitos outros) esta é uma ocasião especial, pois somos fãs de carteirinha e os acompanhamos há bastante tempo. Show da Velhas é sempre um espetáculo, um grande evento e, porquê não, uma experiência de vida. Fizemos uma nova entrevista com Paulão, e agradecemos a atenção e carinho que sempre deram ao público baiano.
Primeiramente, a Equipe BahiaRock gostaria de ressaltar o quanto está ansiosa para ver mais um show das Velhas Virgens. Somos fãs de longa data e estamos aqui hoje para realizar mais uma entrevista.
Simbora genteeeeee….o prazer é nosso…
Vocês já tocaram boas vezes em Salvador (e ficamos felizes por isso, pois estivemos presentes em todos os shows). O que vocês acham do público baiano, da sua energia e receptividade?
Alguns desavisados pensam que Salvador é apenas carnaval, Axé, Percussão… Mas antes do carnaval de rua virar este fenômeno, este mega negócio, já havia rock do bom com Raulzito… Depois com Camisa de Vênus,com cujos integrantes tive sempre uma grande proximidade. Exceto pelo Aldo, conheci todos, bebi com todos, cheguei a fazer inclusive algumas participações em shows ao vivo do Camisa…Começou quando convidamos Marcelo Nova pra cantar “De bar em Bar”, que está no nosso primeiro cd. Depois conheci o resto da gang, Gustavo Mullen, Karl Hummel e Robério Santana. Posso dizer que fiquei muito amigo de todos. Karl, quando morou em São Paulo, frequentou minha casa… Robério tocou com a gente algumas vezes… E Gustavo é um super mano com quem não tenho tido muito contato…Senti muito a morte do Karl, um dos caras mais gente boa que conheci no rock. Recentemente tocamos juntos com o Camisa em Cuiabá, então revi Robério e Marcelo que sempre foi gentilíssimo com a gente, a quem considero um amigo. Salvador é muito rock’n’roll. Temos muitos fãs aí. Talvez por causa da massificação de outros estilos de música, os roqueiros de Salvador são muito intensos. É pau puro!
Há 15 anos atrás vocês fizeram dois shows antológicos em Salvador (no Festival de Verão e no saudoso “Inferninho” Café Calypso) o que vocês trazem de lembrança daquela época e, para vocês, o que mudou na cena Rocker Baiana?
Cara, aquilo foi muito louco… no domingo estávamos no palco b do Festival de verão, tocando pra 10 mil pessoas, cheio de estruturas e etc e tal. E na segunda no Calypso, cujo banheiro ficava no meio do palco, tocando pra 30 pessoas, sei lá. E foram ambos shows deliciosos, cada um à sua moda. A gente voltou a Salvador em outra oportunidade no palco Rock que rola durante o Carnaval e foi demais também. Seguimos mantendo contato com nossos fãs e há até os amigos de uma banda cover oficial que, na nossa ausência, mata a saudade dos admiradores.
Quando vocês começaram imaginavam que chegariam a 30 anos de estrada? Acreditavam que teriam fígado para tanto tempo?
De jeito nenhum… montamos a banda pra beber de graça e pegar a mulherada… com a pretensão máxima de tocar na esquina e olhe lá…o fígado às vezes desanda, não somos mais crianças, mas seguimos bebendo e nos divertindo… e voltar a Salvador será um super presente de Natal.
Fale um pouco sobre o novo CD/DVD “Velhas Virgens 30 anos – Ao Vivo no Love Story”, como foi a concepção, participação especial, covers…
Queríamos fazer um registro digno de nossos sucessos de underground que só tocaram na vitrola da casa dos fãs mas que, curiosamente, são cantados informalmente nos butecos e puteiros do Brasil, de norte a sul. Gravar no Love Story, que é um puteiro, foi delicioso, pois cansei de frequentar o local. Já passei até noite de natal lá. O resultado ficou como aqueles vídeos de bandas setentistas tocando em discotecas, com aquela iluminação de pista de dança, pole dance e etc. Há muitos vídeos do início do ACDC em lugares como este, no meio dos anos 70. Tinha um monte de amigos, algumas “profissionais” e até nossas esposas e namoradas na gravação. Eu disse pro povo:”só mesmo as Velhas Virgens para trazer vocês pro puteiro com autorização da patroa…” Foi uma noite inesquecível que teve a participação especialíssima de Digão dos Raimundos. Foi foda!
Após 30 anos de estrada, aonde e como a banda encontra inspiração para os novos clássicos?
Estamos trabalhando num novo disco que vai se chamar, pelo menos provisoriamente, “Brechó Cintilante”. É um disco com uma concepção sonora setentista, meio psicodélico, meio Hippie. Estamos ensaiando. Sai ano que vem. Temos novos integrantes. O nosso guitarrista, Filipe Cirilo, que já está com a gente há uns 4 anos, vivia me dizendo… “porra… eu toco na banda e não vou gravar um disco inédito? Você me deve isso, Paulão”… Taí, Fil, vai sair e terá sua luxuosa guitarra . Após 30 anos a gente quer se divertir. Eu gostaria de tocar em todos os estados brasileiros… ainda faltam Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Piaui, Amapá e Acre… Simbora tocar até morrer…ou até viver!
Quando o show Carnavalesco (Carnavelhas) vai vir para Salvador? Afinal a capital nacional do carnaval não pode ficar de fora!
Seria uma delicia trazer nossa mistura mutante de rock e marchinhas de carnaval pra cá. Subir num trio, quem sabe. Já estive no carnaval de Salvador no início dos anos 2000 e notei que caminhava para se tornar uma espécie de mostra mundial de musica, com vários tipos de manifestações, do frevo ao eletronico. Não sei se continuou nesse caminho. Estamos completando 18 anos de carnavelhas com quatro discos e cerca de 16 mini-turnês que começam em janeiro e seguem até a quarta de cinzas, com um repertório especifico baseado em sons autorais de duplo sentido…ou sentido nenhum… Este ano, por sinal, regravamos uma música que está inserida no filme “Sai da Frente”, do Mazzaropi, de 1952. A música, que é do Mazzaropi e se chama “A Tromba do Elefante”. É uma canção ingênua, que fala de circo, mas na nossa interpretação ganha duplo sentido. Olha a tromba do elefante aí!
Para quem não sabe as Velhas também são cerveja, falem um pouco sobre a cerveja. Qual a preferida de vocês? Tem um integrante do site perguntando quando vai sair a Rauchbier.
A rauchbier é um tipo específico de cerveja com sabor defumado, de origem alemã. Não é a minha preferida, pois gosto de beber a cerveja e comer o bacon à parte. As nossas cervejas são de autoria do nosso baixista, Tuca Paiva, cervejeiro caseiro. Hoje ele tem até uma micro cervejaria dele chamada “Rusticana”. São sete receitas ao todo, produzidas em parceria com a Cervejaria Invicta de Ribeirão Preto, todas criadas pelo Tuca. Estamos bastante envolvidos com a revolução da cerveja artesanal que percorre o mundo desde o início dos anos 2000. Assim como no rock independente, a cerveja artesanal enfrente um mercado dominado pelas grandes corporações e tenta vender variedade e qualidade. Neste exato momento meu paladar está em duas frentes: as cervejas mais azedas e/ou salgadas, tipo Lambic, Fruit beer, Sour, Gose… Mas esta coisa de intensificar o cítrico e o lúpulo, muito característica da escola americana, também já me seduziu mais… Uma bela Pilsen Tcheca, aquela com amargor no ponto, aparentemente mais simples tem feito mais minha cabeça. A Invicta tem uma German Pilsner sensacional chamada “HellBeirão”… minha favorita no momento… Entre as nossas sete, todas…A gente não diferencia nossas filhas…
Cerveja comercial? Lixo! Os caras foram tirando o amargor da cerveja para agradar a mais gente e hoje fabricam um chazinho gelado com gás e álcool. Viva a revolução cervejeira. Viva a cerveja artesanal.
Que tal deixar um aviso para o pessoal levar uns trocados extras? Nesse show vai ter lojinha com os produtos da banda? Quais itens vocês pretendem trazer?
Gostaríamos de levar cerveja, mas no avião é complicado… Vai ter cds, camisetas, canecas, copinho de cachaça e todos aquele badulaques que o Cavalo compra na 25 de março pra empurrar pro povo, ah,ah,ah…é bom lembrar que nossos gifts só pode ser adquiridos na loja virtual ou na loja física no show. Não tem em shopping, galeria, na Teodoro Sampaio e nem em Camdem Town.
O que um fã, que nunca esteve em um show das Velhas Virgens, deve esperar deste evento?
Um show de rock’n’roll pra se divertir e esquecer os problemas da vida. Sem mimimi, sem politicamente correto. Falar putaria, cantar junto e beber até cair. Ouvir letras que falam com humor e ironia de situações que todo mundo já passou. O Rock’n’roll nasceu como musica pra fazer farra. Vamos tocar o puteiro. É isso que vamos fazer.
O Site BahiaRock agradece a atenção e o carinho da banda por responder esta entrevista. Deixem um recado para os fãs da Bahia.
Se o Brasil não fosse um país continental cujas grandes distancias muitas vezes dificultam a movimentação de artistas independentes como nós, estaríamos aí pelo menos quatro vezes por ano. Amamos o clima, a atitude das pessoas, o mercado do peixe, a praia, a feijoada, a cachaça. Tocar em Salvador será o meu presente de Natal. “Oh,oh,oh, vamos tomar o terror… Apertem os cintos, o Véio sacudo está chegando!”