Entrevista – Magnus Rosen
Por Haggen Kennedy
O baixista sueco Magnus Rosén (ex-HammerFall, Shadowside, Tony Martin’s Headless Cross, Jørn Lande) esteve no Brasil em turnê solo para divulgar não só seu projeto solo (Magnus Rosén Band), mas também um de seus projetos ecológicos, o Tree of Life (Árvore da Vida). Muito simpático, de voz muito suave e com a típica calma sueca, Magnus abriu um espaço na agenda apertada para conversar com os sites Whiplash e BahiaRock nesta entrevista exclusiva que, além de música, terminou cobrindo também obras de caridade e até política. Confira abaixo.
Como esta é sua primeira entrevista conosco, nada mais natural que voltarmos ao início de tudo. O que o levou a começar a tocar? Seus pais tinham algum envolvimento com a música?
Minha mãe era arquiteta, mas também artista. Pintava quadros, criava arte — quadros que as pessoas compravam para pendurar na parede. Meu pai era um funcionário de alto escalão num jornal sueco. Mas comecei a tocar porque tinha um sonho. Quando eu tinha 13, 14 anos, por aí, eu e um amigo sonhávamos em tocar numa banda de rock. Pois quando éramos mais novos, era o hard rock que estava em voga: Black Sabbath, Kiss, Queen, Led Zeppelin… bandas assim, que a gente adorava. Por isso, tínhamos esse sonho, essa visão, de um dia talvez montarmos uma banda. A partir disso, eu e alguns amigos terminamos formando uma banda ainda na escola. Tínhamos 14 anos. E o primeiro show que fizemos foi na escola, tudo começou ali.
Você teve aulas de música na escola?
Mais ou menos. Tínhamos “aula de música”, mas era mais sobre conhecimento geral, sobre ouvir música, e não tocar música, não recebíamos treinamento formal nos instrumentos, era algo bem “solto”. Hoje em dia, é mais fácil para a juventude sueca, eles têm efetivamente aulas de música — muitas vezes, até de graça. Mas terminei conhecendo alguns baixistas de rock mais velhos em minha cidade [N. do E.: Gotemburgo]. Não os conhecia pessoalmente, só de vista. Mas um dia fui lá e perguntei se poderia tomar aula particular com eles. Aí, aquele ano, tive essa orientação de dois baixistas: Stefan Idén e Thomas Reinersson. Foi ali que aprendi a corda “mi”, a corda “lá”, e assim por diante. Ou seja, o basicão, começando do zero. O resto todo, aprendi sozinho, mesmo. Praticando. A questão é que me inspirei em outros músicos. Não precisavam ser músicos famosos: precisavam ser músicos que tivessem algo a oferecer. Não se tratava só de tocar bem, nem de ser famoso apenas. E nem precisava ser baixista necessariamente. Poderia ser um músico de outro instrumento, mas que me inspirasse a batalhar e a estudar mais meu próprio instrumento, o baixo.
E por que o baixo? Foi porque seu primeiro professor particular era baixista?
Não, tudo começou em minha segunda aula de música. Eu tinha talvez oito anos. Todo mundo da turma precisava tocar flauta. Mas, por alguma razão, eu queria tocar a flauta maior, que tinha as notas de baixo. Mas ela custava muito caro, e, embora meus pais tivessem bons empregos, ainda custava muito dinheiro para uma família de classe média comprar esse tipo de instrumento. Então, como não rolou de eu tocar essa flauta, acho que na terceira aula ou algo assim, pensei em tocar tuba baixo — mas também era cara demais. Quando tinha 13 anos, ganhei um violão, mas não consegui me identificar. Porém, nessa época, eu tinha começado a tocar em uma banda, e ouvia muito Kiss. E Gene Simmons estava ali. Eu ainda era muito novo e não entendia de técnica, não sabia que tipo de músico Gene era, se tocava muito, pouco, enfim, eu não entendia disso ainda. A questão não era a técnica dele, foi a personalidade forte dele que me tocou de alguma forma. Mas ele era baixista! Aí, pensei: de repente, eu me identificaria tocando baixo. Agora que estamos conversando sobre esse passado distante, lembro que meu primeiro sonho foi a flauta baixo, depois a tuba baixo. Portanto, o começo não foi com Gene Simmons exatamente. Havia algo mais ali. Nem sei te dizer o que era, porque nem eu mesmo sei. Mas o baixo me atraiu de alguma forma, é o melhor jeito que consigo explicar.
Pelo que entendo, você também toca jazz. Você é músico de jazz?
Minha pegada é essa, eu gosto de música como um todo. Quando tenho a oportunidade de tocar outros estilos, tento não ter medo disso. Porque se você for um bom baixista de rock, talvez você se sinta seguro ali. Aí você fica naquela, “estou seguro aqui, então só vou tocar rock”, sabe como é? Mas um dia me toquei que uma nota de baixo é uma nota de baixo. É a mesma nota de baixo no jazz, na música clássica, no heavy metal, em qualquer estilo musical. É a mesma nota. O que muda é a combinação que você dá, pode ser um ritmo ou algum tipo de harmonia que se usa mais em certos estilos musicais. Com isso em mente, perdi o medo. Entendi que uma nota de baixo é uma nota de baixo. Não importa se é jazz, metal, música clássica ou dance music. Simplesmente, perdi o medo. Como disse antes [da entrevista começar], nunca havia tocado com uma orquestra sinfônica antes. Claro que foi assustador. Não é como uma banda de rock. Mas meu prazer foi muito maior do que meu medo. Entende? De repente você está com medo de alguma coisa, mas aí se toca: “pô, peraí. O prazer que posso tirar disso é muito maior do que o medo que estou sentindo”. Foi essa a sacada que eu tive. Uma nota de baixo é uma nota de baixo. Vou marcando o tempo: quatro, três, dois, cinco, sete. E deu tudo certo. Ao mesmo tempo, acho que se você se propõe a tentar algo novo, é importante estar bem preparado. Como amo o que faço, não é problema para mim estar preparado. Adoro o que faço. Então, vou me preparando. E quando chega a hora, faço aquilo a que me propus.
Você toca um baixo de quatro cordas. O que acha de baixos de cinco cordas ou até de seis cordas?
O baixo de cinco cordas eu uso às vezes, quando preciso atingir notas mais graves. Com esse Factor [N. do E.: o baixo que Magnus usa é um antigo Factor, comprado na Califórnia em 1990. Concebido por Philip Kubicki, que faleceu em 2013, as cordas entram pela cabeça do instrumento e são afinadas embaixo, na ponte], consigo chegar mais para baixo, com a mizona e os dois trastes extras [N. do E.: na cabeça do baixo, há uma trava que se abre, oferecendo dois trastes extras para o grave]. Isso é utilíssimo. Mas, por exemplo, quando preciso gravar no estúdio, ou a depender da banda com quem eu toque, preciso das notas mais graves. Nesses casos, uso um de cinco cordas. Mas minha praia é mesmo o de quatro cordas, é com ele que me sinto mais confortável. O de seis cordas, nunca precisei, pois o que consigo fazer com meu baixo já é suficiente para mim — e ainda tem a trava, que posso liberar para chegar nos dois trastes mais graves. Então, para mim, na forma como toco, o de quatro cordas me atende melhor.
Você usa pedais físicos. Já experimentou ferramentas digitais, como Guitar Rig, AmpliTube, Neural DSP?
Já usei algo assim, como um multi-efeitos, mas me sinto mais confortável com os físicos. O processador é um processador. O flanger é um flanger. Colocando todos ali no chão, é mais fácil para mim utilizá-los. Então, termino escolhendo a maneira mais fácil. O acesso é mais fácil, e não preciso ficar programando muito. Tudo fica ali no chão, eu ligo e desligo cada um conforme precisar na hora. É um recurso simples para um sujeito simples como eu.
O que você tem feito desde que saiu do HammerFall?
Toco com brasileiros na Shadowside. São excelentes músicos. E toco em outros projetos também com eles [N. do E.: os brazucas Raphael Mattos e Fabio Buitvidas tocam com ele na Magnus Rosén Band]. Fiz muitas coisas, na verdade. Teve essa coisa fantástica com a orquestra sinfônica, fizemos muitos concertos. Foi uma grande experiência para um cara autodidata como eu. Em Gotemburgo [N. do E.: segunda maior cidade da Suécia, onde Magnus nasceu e mora até hoje] temos um Teatro de Ópera bem grande, bonito. Um dia fui lá ver uma apresentação de balé. Foi super interessante. Eles eram excelentes profissionais e isso terminou me inspirando. Quando você está inspirado, começa a passar um filme em sua cabeça. Imaginei uma combinação de solo de baixo com balé. Naquele momento, fiquei felicíssimo. Você pensa, “que coisa, nunca vi nada assim antes”. Mas logo depois, bate o medo. Porque, para acontecer, é preciso batalhar muito, falar com pessoas de uma área totalmente diferente e explicar suas ideias, que também são totalmente diferentes. É muito fácil ter medo, você pensa logo: “que nada, não vou fazer isso. É muito trabalho, e ainda por cima é uma maluquice”. Mas a paixão terminou falando mais alto e fui ao Teatro Gotemburgo. Bati lá na porta e perguntei se podia falar com o diretor do balé. Disse a ele: “olha, vi a apresentação e gostei. O que você acha de um balé com solo de baixo?” Ele olhou para mim e disse, sem entender patavina: “Como é, meu filho? Balé com solo de baixo?!” Um ano depois, rolou a estreia. Veja, balé na Suécia não é que nem futebol no Brasil, não é a principal forma de arte do país. Sim, o Teatro é enorme, mas de público mesmo, só comparece, no máximo, um terço da capacidade da casa. Eles então colocaram minha foto nos cartazes, usaram meu nome. Havia um pôster enorme do lado de fora do Teatro, uma foto promocional minha, com meu rosto lá estampado. Pensei: “não vai dar muita gente. Sou mais conhecido pelo público metal. Pior: o que vão falar de mim se não der certo?” Mas o dia estava chegando. E quando finalmente abriram as portas, quem estava ali era não um terço da capacidade — 400 pessoas, sei lá —, não senhor. Estava todo mundo: foi noite de casa cheia, com ingresso esgotado. E foi assim sete dias seguidos! Até a princesa da Suécia estava lá. No fim, ela veio falar comigo, apertou minha mão, e até ela me disse: “o que você está fazendo aqui?” Foi demais. E acredite, eu não tenho costume nenhum de bater papo com reis e princesas. Por isso, claro que fiquei feliz. Ou seja, foi um sucesso. Essa experiência foi importante porque eu vejo que dá para confiar em nossos sonhos. É possível fazer com que nossos sonhos se realizem, se batalharmos muito para isso. Então, essa é ideia que tenho da vida. Tenho um sonho, batalho muito e ele se torna realidade. Também fiz muitas outras coisas fora do padrão convencional, digamos. E algumas delas com músicos fantásticos. Por exemplo, Tony Martin, que cantou no Black Sabbath por 10 anos. Na verdade, continuo tocando com ele. É um cantor extraordinário, fantástico mesmo. Portanto, tenho um pé no hard rock, no metal, com ele. Inclusive, na banda dele, toca também o tecladista do Black Sabbath. Nem todo mundo sabe que o Black Sabbath tinha tecladista, muito embora esse mesmo músico tenha tocado com a banda durante 25 anos: o nome dele é Geoff Nicholls. Ficou ali, atrás das cortinas. Toquei com ele, e também com o baterista do Venom [N. do E.: Danny Needham], que também estava na banda. E continuo trabalhando com Tony Martin. Tive a sorte de tocar também com Joe Lynn Turner, que cantou no Rainbow e no Deep Purple [N. do E.: Turner cantou também com Malmsteen, e também no Sunstorm, cujo vocalista atual, Ronnie Romero, também já cantou com Malmsteen]. Fizemos uma turnê no norte europeu juntos, e foi fantástico, pois cresci ouvindo Rainbow e Deep Purple. Quando tocava com ele as músicas que ouvia quando criança, era uma sensação incrível. Porque ali estava eu, tocando aquelas músicas com o vocal original. Foi inacreditável.
Isso, sim, é um sonho realizado.
Sim, sim, sim, com certeza. Também toquei em muitas outras bandas, claro. Mas o que mais conta para mim é essa questão das obras de caridade. Em minha idade, não gosto de tocar só para ter dinheiro no bolso. Não sei quantos anos — de repente, até dias — me restam aqui na Terra. A pergunta é: “consigo lançar alguma semente no solo?” Quer dizer, consigo ajudar alguma coisa a crescer, germinar, ter futuro? Mesmo que, dentro de minhas possibilidades, seja algo pequeno. Gosto de inspirar os outros, de colocar algo de bom nesse mundo, que às vezes parece estar de cabeça para baixo, muito embora ele ainda tenha muita beleza para oferecer.
De fato, você já tocou com várias bandas. Você mencionou a Shadowside, mas você já tocou com Bleckhorn, Avalanche, X-World/5. Alguma dessas bandas ainda está na ativa?
Acho que a Shadowside ainda está na ativa.
O último disco da banda foi em 2017, se bem me lembro.
Sim, já se passaram alguns anos. Fizemos uma turnê no Brasil e depois disso veio a pandemia. Mas continuo tocando com Raphael [Mattos, guitarra] e Fábio [Buitvidas, bateria]. E toco também no Autumn’s Child. Lançamos um disco no início do ano [N. do E.: “Starflower”, em 20 de janeiro de 2023] e estamos gravando um disco novo, que será lançado em janeiro [de 2024], acho. E tenho minha própria banda, Magnus Rosén Band. Lançamos dois discos: um EP, depois o álbum completo no segundo trimestre [de 2023]. É um disco em que celebro aqueles que inspiraram minha vida na música — tanto bandas quanto músicos. Quando você ouve, dá para notar influências diferentes. Algumas coisas têm cara de Gary Moore, muito embora sejam composições minhas. Já em outra música, rola uma homenagem aos Beatles, só que tocado de nosso jeito. E tenho a sorte de contar, por exemplo, com Janne Schaffer, guitarrista do ABBA. O cara gravou 50 músicas com o ABBA. Ele está lá no disco, tocando conosco, além de Tony Martin e muitos outros músicos super legais.
Que fim levou o Bleckhorn? Era uma banda com muito potencial, gostei muito do disco que vocês lançaram.
A coisa começou assim: ouvi uma música do Bleckhorn, com uma temática viking. Era legal, dava orgulho, tinha uma história por detrás. Claro, toda história tem pontos positivos e negativos. Mas era um negócio que me deu orgulho, era bem feito. Sou sueco, descendo dos vikings, é minha história. No mundo viking tinha coisas boas e coisas ruins, é assim com todo mundo. Mas quando ouvi o som, adorei, gostei demais. E conheço o vocal: era Göran Edman, que já tinha cantado com Yngwie Malmsteen. Aí, liguei para Jayce [Landberg, guitarrista e tecladista sueco que montou a banda] e disse: “gostei do som. Que tal fazermos mais músicas?”, e ele aceitou. Fizemos um EP com quatro músicas, todas sobre essa temática viking. Achamos importante falar de nosso passado e não termos medo disso. Principalmente hoje em dia, na Suécia, tem sido complicado falar disso, você sente que essa parte da história está sendo um pouco apagada, tentam mascará-la como sendo algo ruim, escondendo-a sob o tapete. É de onde viemos, mas se falar sobre vikings, você termina sendo carimbado como se estivesse defendendo a parte negativa desse passado. Há uma cultura de ódio atualmente. É nossa história, mas somos proibidos de ter orgulho dela.
Então o Bleckhorn não está mais na ativa?
Temos alguns contatos, mas não conseguimos emplacar. Fizemos o EP e tentamos fechar com algumas gravadoras, mas nenhuma se interessou.
Que pena, porque é um disco fantástico. Gosto muito dele. E, claro, Göran Edman é fantástico.
Ele é incrível.
Você tem um histórico incrível de vocalistas. Já tocou com Joe Lynn Turner, Tony Martin, Göran Edman e Jørn Lande. “Out to Every Nation”, inclusive, é um marco fantástico. É você naquele vídeo oficial? Pergunto porque as imagens do baixista piscam com muita rapidez.
“Out to Every Nation” é um discaço. Era eu no vídeo, e em… “Dancing with Wolves”, como é mesmo o nome? Algo assim.
“Living with Wolves” (Dancing with Wolves é o filme de Kevin Costner, “Dança com Lobos”).
Isso. Esses dois vídeos eu gravei. Nós os gravamos em um lugar muito especial na Noruega.
Como vocês gravaram aquilo? No topo de uma montanha, um lugar inóspito.
Fui de helicóptero até lá. O resto da banda pegou o elevador.
“Elevador”? Há um elevador dentro da montanha?
Há um elevador dentro da montanha. É que a Noruega foi ocupada por Hitler. Ele queria criar bombas. Porque lá tinha água pesada, que seria utilizada para construir bombas. Lá isso seria possível, por isso Hitler invadiu a Noruega. E construiu até reatores para criar água pesada. Essa é uma estória interessante. Lógico, assustadora também. Mas é isso. Eles fizeram um túnel na montanha, e ali dentro construíram um elevador. A montanha é alta, por isso o resto da banda pegou o elevador. Mas eu disse “não, obrigado. Vou de helicóptero”.
E quanto tempo demorou para gravar o vídeo?
Um dia para cada vídeo [N. do E.: ou seja, um dia para “Out to Every Nation” e um dia para “Living with Wolves”]. Quando gravamos “Out to Every Nation” estava um frio danado, pois estava nevando na montanha. E olha que levei meias extras, mas meu pé ficou um gelo depois. Fiquei aliviado de não ter acontecido nada, alguma geladura, ulceração, enfim. Mas quando você é rock n’ roll, você é rock n’ roll!
Como é gravar com Jørn?
Ele é especial. Em primeiro lugar, é um vocalista fantástico, de primeira categoria. Mas também é muito simpático. Quando a gente entra em estúdio para gravar, tem banda que diz para você “toque essa nota”, “não, essa nota exata”. E você toca essa nota, depois aquela. Mas com Jørn, ele só disse: “se jogue”. E eu me joguei. Toquei do meu jeito. Você tem liberdade para tocar como quiser. Claro, aprendi primeiro a estrutura das músicas, passamos as músicas juntos. Mas depois, ele disse: “agora é com você. Coloque sua personalidade”. Fui muito bom para mim, porque ali tem meu estilo mesclado com o estilo dele e com os estilos dos outros músicos. Tenho muito orgulho de nosso trabalho juntos, fiquei muito feliz.
Nesses projetos com Jørn, Shadowside, Avalanche etc., como é o processo de gravação? Você grava separadamente e envia as faixas? Ou grava pessoalmente com os outros músicos no estúdio?
Geralmente bandas como Jørn ou Shadowside já têm as músicas prontas. Eles só fazem me perguntar se quero tocar com eles. Com a Shadowside, fomos juntos para o estúdio, mas eles já tinham gravado as partes deles. Nesse caso, só precisava mesmo gravar o baixo. No início, entro sem conhecer as músicas. Foi assim com Jørn Lande também, eu não conhecia as músicas. Aí, logo no começo, antes de gravar, pergunto: “como é o verso? Como é o refrão? Como é a ponte?” e eles me explicam. Eu internalizo a estrutura da música e depois crio uma linha. Isso se não for uma banda que deseja algo específico, feito do jeito que eles querem, por não terem interesse em colocar uma personalidade estranha no som. Nesses casos, eu faço exatamente o que mandam. Mas para mim, o legal mesmo é ter a oportunidade de colocar minha personalidade na música.
Será que Malmsteen é assim? Ele diz como deve ser cada nota?
Talvez, não sei dizer. Eu o conheço, já o encontrei algumas vezes.
Ele ainda se lembra de como falar sueco? Ele já mora há tanto tempo nos EUA.
Sim, ainda fala. É um sujeito muito legal, essa é minha impressão. Outras pessoas têm outras impressões, e já ouvi todo tipo de estória, porque conheço muitos músicos, gente que já tocou com ele. Mas pessoalmente, tive uma boa impressão dele. E ele não é burro, é um cara inteligente. E toca muito. Gosto muito do estilo dele, da música dele. Foi muito bom conversar com ele — como deveria ser. Comigo, ele foi muito educado. Ele não humilha os outros, não coloca os outros para baixo. Essa foi a impressão que eu tive.
Por curiosidade, quando você fala com Jørn Lande, vocês se comunicam em inglês? Ou cada um fala a própria língua: você, sueco; e ele, norueguês?
Cada um, a própria língua. Eu falo em sueco, ele fala em norueguês comigo, e a gente consegue se entender. Quando tem muita gíria no meio fica difícil. Mas a maioria dos noruegueses conseguem falar norueguês com uma pronúncia e uma forma mais próxima do sueco. Eles “limpam” o norueguês deles e aí dá para entender. [N. do E.: guardadas as devidas proporções, sueco e norueguês são um pouco como português e espanhol. Falando devagar e sem gírias, é possível se entender.]
Em 2012 você foi contemplado com uma bolsa de estudos Adlerbetska. O que é isso exatamente?
Eles são uma Fundação voltada às artes. Eles selecionam algumas pessoas todos os anos — pessoas que acreditam valer a pena prestar apoio. Eles então entram em contato com você, ou seja, não fui eu que fiz a solicitação. Pois um dia me ligaram e não tinha nem ideia do que se tratava. Mas eles acharam que eu merecia o apoio deles. Fui contemplado com essa bolsa, me deram uma soma em dinheiro. Usei o dinheiro todo para fazer dois discos solo.
É inacreditável que na Suécia exista algo assim. Não consigo imaginar alguém no Brasil simplesmente te oferecendo dinheiro, sem você nem precisar pedir (se pedindo já não dão, imagine sem pedir).
Fiquei muito orgulhoso, não esperava. De verdade. Foi muito legal, é fantástico mesmo.
Vamos falar sobre as turnês solo que você tem feito aqui no Brasil. Quando isso começou?
Começou depois da primeira turnê que fizemos aqui [no Brasil] com o HammerFall. Eu já tinha viajado ao redor do mundo antes, desde jovem. Mas quando estive aqui, e vi as favelas e a população mais humilde que vivia nelas, fiquei curioso em conhecer quem eram aquelas pessoas que moravam ali. Depois da turnê, voltamos para a Suécia e continuei pensando em como entrar nas favelas sem correr algum tipo de perigo. Eu estava em casa quando tive uma ideia. Liguei para um promotor de eventos na América do Sul e perguntei se ele poderia me ajudar a organizar uma turnê solo pela América do Sul, só eu e meu baixo. A entrada seria 2 kg de alimento, e eu mesmo arcaria com todos os gastos da turnê. A primeira coisa que ele disse foi: “mas não tem como você se apresentar tocando baixo sozinho”. E eu disse: “tem, sim”. E assim foi. Fiz a turnê solo tocando baixo e a entrada do show era 2 kg de alimento. E voltei para repetir, já fiz essa turnê três vezes. As pessoas levam o alimento, eu entro em contato com ONGs e órgãos de saúde e consigo doar os alimentos. E a “chave” estava aí, porque com isso eu pude acompanhar a ação dessas entidades nas favelas e doar alimentos de forma nobre. Pois isso deve ser feito com respeito, da forma correta. Não estou querendo dar uma de Deus todo-poderoso, sou um sujeito simples que mora no meio do mato [N. do E.: Magnus mora nos arredores de Gotemburgo, numa casa isolada no meio da floresta]. Por isso, fiz isso tudo com respeito, pois fiquei pensando: “e se fosse eu que tivesse o azar de nascer nessa situação de dificuldade?” Concluí que poderia utilizar minha experiência para divulgar para o mundo o que está acontecendo. Quando faço palestras na Suécia, conto às pessoas lá sobre isso. Digo como é interessante ajudar outras pessoas. Inclusive, no fim, vemos que elas não são diferentes. São pessoas que vivem uma situação difícil. Sei que mesmo que eu tocasse um monte e ganhasse, sei lá, uma tonelada de alimento, sei que ainda não seria nada. Não é nem um grão de areia no deserto do Saara. Tenho ciência disso. Mas é um grão de areia dado de bom grado. É pouco, mas ajuda alguma coisa. Sei que é necessário fazer mais, mas estou tentando fazer alguma coisa. Faço com prazer. Não sou melhor do que ninguém, faço com prazer.
A primeira turnê foi em que ano? Você se lembra?
Acho que por volta de 2000. A primeira com o HammerFall foi em 1999 [N. do E.: na turnê Templar World Crusade, com o primeiro show da banda na Cia do Brasil, em São Paulo, dia 31/03/1999], então acho que minha primeira turnê [solo] foi em 2000 ou no final de 1999. Não me lembro. Mas sei que a ideia surgiu depois da turnê com o HammerFall.
Atualmente, você se dedica muito a esses projetos de doação e caridade. Essa primeira turnê solo de 1999-2000 poderia ser considerada o pontapé inicial desses projetos?
Talvez pudéssemos dizer que sim. Quando começamos a ganhar fama no HammerFall, comecei a entrever também a possibilidade de realizar obras de caridade. Era algo que eu queria muito fazer. Comecei fazendo isso em minha cidade [Gotemburgo], mais voltado para crianças, mas também para mulheres vítimas de agressão física masculina. Para mim, é bom que os próprios homens levantem essa bandeira e digam “não bata em mulher”.
Esse tipo de coisa acontece na Suécia? Algo que me marcou muito foi o episódio com o vocalista do HammerFall, Joacim Cans, em 2002. Ele foi agredido com um soco e uma garrafada em um bar de Gotemburgo, levou 25 pontos no rosto. É difícil acreditar que, de todos os lugares onde isso poderia ter acontecido, foi justamente na Suécia.
Temos crimes como esse. Dá nojo. Foi antes de gravarmos o Renegade. [N. do E.: Renegade é de 2000. Na verdade, foi antes de Crimson Thunder, de 2002]. Se você olhar bem no clipe de “Hearts on Fire” [do disco Crimson Thunder], dá para ver que ele ainda tinha as marcas da agressão, ele havia acabado de sair do hospital [N. do E.: o episódio aconteceu dia 10 de agosto de 2002, e a gravação do clipe, que estava agendada para o dia 14 do mesmo mês, precisou ser adiada para os dias 19 e 20. Joacim ainda estava com pontos no rosto, e o olho inchado e escoriado.]
Aqui no Brasil, vemos Suécia, Noruega e Finlândia como modelos de país a serem seguidos, seja na saúde, educação, cultura, em basicamente tudo, inclusive (e, talvez, principalmente) na segurança. É um pouco estranho, para nós, ouvir que esse tipo de coisa acontece por lá. Casos como o de Varg Vikernes, do Burzum, parecem não se encaixar nos moldes que imaginamos para esses países.
Isso tudo dá nojo. Para mim está claro que pessoas como essas têm algum tipo de perturbação mental. Esse tipo de coisa doentia infelizmente pode vir a acontecer. E algo vem mudando em nosso país. Acho que temos o maior índice de violência da Europa [N. do E.: esses números podem sofrer alguma variação a depender do sistema de estatísticas utilizado. Pela contabilização da Numbeo, o primeiro lugar é da Bielorrúsia. A Suécia está em 4º lugar no rank de países com maior número de crimes, em 2023. Mas vale notar que Magnus não usa a palavra “crime”, e sim “violência”]. Como isso acontece? Os líderes, os dirigentes do país fazem escolhas. Talvez eles não consigam entender o que está acontecendo; ou talvez entendam, e queiram, de propósito, causar uma situação tal que justifique proporem depois alguma mudança. Que normalmente todos negariam, mas quando o país vai mal, todo mundo pensa “não quero isso para mim”. Aí os políticos propõem medidas que não teriam como propor antes. Não dou certeza, mas claramente é uma possibilidade, porque não é possível que as pessoas que conduzem o país sejam tão burras e desinformadas. Portanto, alguma razão deve haver. Mas essas coisas relacionadas a poder vêm acontecendo em muitos países. Hoje em dia, temos essa prevalência do digital, inclusive no dinheiro, que está virando apenas digital, e isso me dá um pouco de medo. Porque o sistema elimina o dinheiro físico e deixa o digital. Ora, então não sou o dono de meu dinheiro: o banco é. Eu é que trabalho, dou duro, mas no fim preciso da autorização deles [do banco] para saber se posso ter esse dinheiro. Se quero comprar um carro, eles me perguntam para que quero o dinheiro, como vou usar etc. Mas como, em que e por que vou usar meu dinheiro é problema meu, não do banco. É assim que vejo. Porque eles fazem assim [gesticula, mostrando uma mão se aproximando lentamente do braço], e um dia fazem assim [gesticula, mostrando algemas prendendo o braço].
Se o povo diz “não gostamos dessa forma”, eles precisam acreditar em nós. Temos o direito de sermos ouvidos, de sermos inocentes até que se prove o contrário. Mas bancos e políticos nos tratam como se fôssemos criminosos, eles agem assim: “precisamos apertar aqui, porque vocês são todos criminosos em potencial”. É aquela coisa de deixar o problema ficar tão ruim a ponto de aceitarmos as soluções controversas que propõem. É um jogo de xadrez que fazem conosco. Eles propõem uma solução que você não tem como recusar. Se você está “preso” e não tem como recusar, acha que a solução vai beneficiar a quem? Por isso, é importante que todos comecemos a questionar, pois perguntas levam a respostas. Como entender algo se não questionamos? Vejo dessa forma. É perguntar, querer saber o porquê. Se todos começarmos a fazer isso, tudo ficará mais claro. Mas quem está no poder vai tentar te enrolar. Vão dizer que, se você questionar, então você é racista, odeia estrangeiros ou qualquer balela desse tipo. Não é assim. Precisamos questionar para conseguir entender. E temos o direito de entender, porque é nosso mundo. Esse mundo pertence a todos. Essa é minha opinião. Outras pessoas talvez tenham uma opinião diferente, mas essa é a minha.
Vejo os seres humanos como se fossem parte de um quebra-cabeça. Eu tenho essa pecinha aqui, você tem outra pecinha, aquele sujeito ali tem outra peça do quebra-cabeça. Todo mundo tem uma peça. Se agirmos como irmãos, conseguiremos completar o quebra-cabeça juntos. Porque separadamente não dá para completar, vai faltar peça. Mas se nos tratarmos como amigos, como irmãos, aí conseguimos unir as peças e completar o quebra-cabeça, e finalmente conseguimos visualizar a imagem completa. Mas às vezes, os governos nos dividem. Eles fazem com que fiquemos uns contra os outros, e aí nunca conseguimos completar o quebra-cabeças. Isso acontece em muitos países. Por isso, é preciso questionar: o que está acontecendo? Tenho orgulho de ser cidadão do planeta Terra, vamos trabalhar juntos. No fim, precisamos de paz, amor e compreensão.
Por isso, me envolvi nisso [nesses projetos sociais e de conscientização] e em outros projetos também. Também fiz projetos pessoais meus, para conseguir ganhar dinheiro e me sustentar. Mas gosto muito de projetos humanitários. Quando alguém me chama para participar de um projeto assim, se eu acreditar na proposta e tiver tempo, então aceito. Esta turnê aqui é justamente esse caso, para ajudar a lançar os holofotes sobre o Tree of Life.
E que projeto é esse, “Tree of Life” (Árvore da Vida)?
“Árvore da Vida” refere-se ao milagre da vida. Porque é um milagre. Quanto mais você pensa a respeito, mais se toca de que é um milagre. O começo, nós sabemos: ali, no nascimento de tudo, o espermatozoide fertiliza o óvulo. Mas o que vem depois… milhões de células sabem que devem começar a criar uma parte do pé. As células sabem disso. Outros milhões de células sabem que vão criar um olho, um cérebro, um estômago, uma perna. É como se fosse um mapa. E somos perfeitos. Nossos espíritos trazem essas tonalidades diferentes de personalidade. A cor da pele não importa; é a cor, a tonalidade do espírito que importa. Quando você começa a pensar nisso, você vê que acontece a mesma coisa com os elefantes, os peixes, os pássaros. Essa coisa da criação é fantástica e ninguém consegue explicar. Você pode até dizer “eu acredito nisso ou naquilo”, mas aí é uma crença. Saber mesmo, é outra coisa. Enfim, a turnê “Árvore da Vida” tenta voltar nossa atenção a esse milagre, indicando que precisamos ter cuidado com nosso mundo. Aqui no Brasil, e na África também, o pessoal desse projeto vem trabalhando há 30 (trinta) anos para resolver o problema do solo seco, quando chove menos. São períodos, claro. Mas como podemos ajudar nessa questão? Como armazenar e reutilizar a água da chuva? Porque quando chove, a água é absorvida pela terra, e logo tudo fica seco de novo. Bem, o pessoal desse projeto trabalha com placas especiais que conduzem a água da chuva até o subsolo, onde é armazenada em cisternas. Com isso, você conserva a água das chuvas, podendo utilizá-la para regar a vegetação e consumir apenas uma parcela do estoque total, o que significa que você economiza bastante no consumo de água [N. do E.: a ideia é estocar a água do período de chuvas para utilizá-la nas estações de seca]. Atualmente, creio que já foram construídas 1.300.000 cisternas no Brasil, e já começam a exportar esse projeto para certos países da África. Nesse projeto, Bengt [Carlsson, sueco que trabalha com o projeto no Brasil, e que chamou Magnus para ajudar a divulgá-lo] é o motor do programa e eu sou a buzina: “aqui, pessoal, olhem para cá”, meio que chamando a atenção ao programa por meio da música. Quando você envolve a cultura, como é o caso da música, você consegue uma atenção diferenciada, pois alcança pessoas que de outra forma não prestariam atenção ao tema. As pessoas vêm, sentam, ouvem, querem saber que negócio é esse envolvendo um baixista de rock da Suécia, e aí falamos sobre o problema, o projeto e por que fazemos isso. A ideia está crescendo, a TV Globo nos acompanhou em Manaus, um jornal também escreveu sobre isso, eu escrevo um blog quase todos os dias sobre o assunto e ainda conseguimos divulgação na Suécia por meio de jornais e rádio. É uma forma de divulgar isso. Outros veículos já estão fazendo essa divulgação, e eu entrei para jogar luz sobre isso também, e como podemos lidar com a situação.
Então, no momento, isso está acontecendo na Amazônia. Mas também está sendo implantado na África?
Sim. Grande parte da África é muito, muito seca. Mas o mundo também está assim. O mundo está mudando. Parte disso é resultado da ação humana; mas outra parte, não. O deserto do Saara, na África, um dia teve água. É possível encontrar fósseis de baleia no Saara, porque um dia ali havia água. Hoje, já não há mais. É possível encontrar traços civilizatórios da antiguidade, como se fosse um tipo de Grécia Antiga, só que no Saara, a 100 metros sob a superfície. Isso porque o nível do mar sobe e desce periodicamente, no decorrer de longas eras. A Antártida às vezes tem mais gelo, como acontece na idade do gelo; e, às vezes, tem menos gelo. É muito importante falar sobre isso ao se falar sobre mudanças climáticas, pois os seres humanos destroem a Terra com plástico e coisas do tipo, mas também é preciso falar sobre a parte não humana, pois às vezes as duas coisas podem estar acontecendo ao mesmo tempo. Pode haver uma curva climática, mas também precisamos ter cuidado com nosso mundo, para que nossas escolhas sejam a melhor solução para a natureza, os animais e os próprios seres humanos.
De onde vêm os recursos para esses projetos?
Bengt trabalha com isso há mais de 30 anos. Ele já veio ao Brasil muitas vezes [N. do E.: em 1993 ele já vinha ao Brasil para acompanhar o programa “Um milhão de cisternas”], e também é o motor disso na África. Ele trabalha com pessoas na Suécia, no Brasil, na África, ou seja, é um grupo de pessoas fazendo esse trabalho. E eles trabalham de maneiras diferentes, algumas pessoas constroem, algumas pessoas patrocinam, é como uma operação multifatorial.
Existe algo que as pessoas comuns podem fazer para ajudar?
Sim, claro, acho que todos podem ajudar. Mesmo que você só ajude um pouco, pode fazer escolhas melhores quando comprar algo. É algo pequeno, mas se mais pessoas se inspirarem e pensarem “de repente é melhor não ir no McDonald’s, talvez seja melhor escolher outro tipo de empresa”, você evitar ir ao McDonald’s e come hambúrguer em outro lugar. Quando você começa a escolher melhor, você inspira os demais. Acho que as más escolhas nos inspiram de maneira ruim. É como um sintoma. Se você anda com pessoas ruins, você pode ser influenciado por elas. Mas se você convive com pessoas boas, você também recebe as influências delas. Quando as pessoas começam a falar mais abertamente, mesmo que seja algo pequeno, tipo “não, obrigado, prefiro escolher essa empresa aqui”, alguma coisa acontece. Pode ser que outra pessoa pense: “é, talvez você tenha razão. Vou fazer isso também”. Aí a coisa se espalha. Acredito nisso. Principalmente as pessoas mais jovens hoje, acho que muitos entendem que há algo errado com nossa estrutura. Quando temos mais experiência de vida, acho que se começarmos a fazer escolhas melhores, outras pessoas podem começar a fazê-las também, pelo menos é o que acredito.
Fazer pelo exemplo.
Sim. Claro que, se olharmos pelo aspecto financeiro, então é importante investir dinheiro em projetos que darão a esse dinheiro a destinação correta. Muitas organizações têm carros novos, escritórios caros, salário alto para os funcionários. Não gosto disso. Se alguém doar dinheiro a uma empresa, esse dinheiro deve se destinar ao problema que estão tentando solucionar, não para sustentar organizações de grande porte. A organização não deve ganhar dinheiro, ela deve ajudar a resolver o problema a partir do dinheiro que recebe.
Onde as pessoas podem saber mais sobre o projeto Tree of Life/Árvore da Vida?
Quem quiser ajudar, pode me contactar por meu website, MagnusRosen.com, ou utilizando minha página no Facebook. Eu então repasso as informações, ou Bengt pode fazê-lo, pois ele mantém contato direto com esses atores no Brasil. Ou seja, se alguém quiser contribuir financeiramente, o dinheiro não vai para mim nem para Bengt. Repassamos as informações referentes a quem trabalha diretamente conosco no próprio local. Tudo bem transparente, isso é o mais importante.
Gostaria de dizer mais alguma coisa?
É importante ter sonhos, visões e esperança para o futuro. É importante ver o lado da sombra para que você consiga colocar o pé no lado onde bate a luz. Portanto, me despeço com essas últimas palavras: acredite em si mesmo. Isso é importante.
E você faz o que fala.
Sim, dedico tempo a lutar por meus sonhos, e tento não ter medo. Se você mora em um país em que, se sua tentativa não vingar, você quebra, aí lógico que é mais complicado. Tive a sorte de ter uma mãe que acreditava. Ela me dizia: “se quiser algo, batalhe para isso acontecer, não tenha medo”. Por isso, não me importo que outros músicos digam “baixista solo, que besteira é essa?” Não me importo, a vida é minha. Tenho orgulho dela, fiz muitas coisas positivas. Não me importo que pensem “mas você é um baixista de rock, para que fica aí tocando esses outros estilos de música?” Porque a vida é minha. Faço o que quero dela. Isso é que significa ser rock n’ roll.
Site oficial de https://magnusrosen.com
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Livro de Magnus (em sueco): https://avelibooks.se