Review – Álbum – Os Informais – Inspiração
Só estando muito inspirado para lançar um álbum de estreia como “Inspiração”. Literalmente, é um disco “rock na veia”, com todos os elementos que fazem deste estilo uma paixão. O produtor musical André T. (Retrofoguetes, Cascadura, Rebecca Matta, Nancy Viegas, etc) é o responsável pelo excelente som extraído dos músicos, que além de faixas contagiantes, conseguem dar o seu recado nas letras e nos riffs.
Os Informais estão na estrada há algum tempo, desde 2006, e seu primeiro registro veio no EP “Em Busca do Som”, com 8 faixas e lançado em 2010, de forma independente – que rendeu até um clipe (“Respiro Fundo”, com a participação de Pedro Pondé, da Scambo). Enfim, em “Inspiração” eles devem ter realmente descoberto sua música.
“Tô indo para casa, quero apenas escrever canções” (e de fato foram escritas belas canções – 11 no total) – assim “Inspiração” começa com “Estava Escrito”, música muito bem escolhida para abrir um álbum. Riffs marcantes, vocais melódicos e refrão pegajoso – depois que você ouve dá vontade de continuar cantando. .
A música que dá nome ao álbum, “Inspiração”, é a típica música chiclete – tem tudo para você ouvir na sua estação de rádio favorita – tem jeito, cara e cheiro de hit, com direito a “nananana” e refrão que chama a gente pra cantar junto: “o que você vai fazer com tanta inspiração, siga a luz que brilha dentro de você”. Realmente, os caras souberam o que fazer com toda essa inspiração.
Em “Já me Acostumei”, os Informais desfilam romantismo aliados a um instrumental que lembra muito Foo Fighters, The Smiths, Queens of the Stone Age e até U2. É rock n’ roll pra ninguém botar defeito. Em seguida, temos “Tudo Vai Passar”, faixa que a gente precisa ouvir algumas vezes para notar todos os detalhes de um instrumental variado e trabalhado, junto a um refrão no mínimo “esperançoso”.
Um dos grandes destaques é “Jeitinho Brasileiro” (com participação de Bruno Souri, da Circo de Marvin), música que é uma porrada na cara, por seu conteúdo buliçoso e que questiona o comportamento do cidadão brasileiro e toca na ferida – com certeza a carapuça vai servir na cabeça de muitos que a ouvirem. Aliada a um riff meio “blueseado” e uma pegada “funkeada”, torna-se dançante e ácida ao mesmo tempo e nos leva refletir sobre nossa cultura e nossas questões mais profundas como povo nesses tempos atuais.
Em “Nossa História”, nos sentimos passeando em um cenário bucólico, recitando versos de amor. A baladinha possui, assim como todas as faixas, um instrumental muito coeso e redondo, com destaque para os slides bonitinhos tirados por uma excelente guitarra. Na mesma linha balada, “Não Faz Assim” é a típica música de violão que a gente toca na praia naquela roda de amigos.
Em “Big Bang”, que possui uma tocada extremamente divertida, o eterno conflito entre ciência e é religião é abordado e conciliado. Resumindo: “a vida é uma roleta russa, seja sorte ou azar, o que importa é seguir na fé”. Mais uma faixa de rock puro!
Tem espaço também para psicodelia – feche os olhos e bote para tocar “Venha Ver o Fim” (aumente o som e abra a mente!). Mais uma vez, destaque para as cordas das guitarras que encenam uma viagem de sentidos.
Os Informais destilam emoção na faixa “Hey Mãe”. Alguns podem até chegar a sentir todo o sentimento que essa música possui – afinal, amor de mãe é algo universal e quem tem sabe que não há como descrevê-lo. Mas você pode ouvir essa faixa para experimentar como é a sensação. Várias vezes.
Por último, mas não menos importante, “Meu Novo Berço” possui uma letra direta e melodia impactante – uma referência poética sobre a crise humanitária na Síria e todas as consequências que ela provoca. Vale a pena a mensagem!
“Inspiração” contou ainda com as participações de Pedro Pondé na faixa bônus “Respiro Fundo”, Juan Sampaio, da Suíte California na faixa Então Vai e Dani Nascimento na faixa “Hey Mãe”.
O álbum tem tudo para projetar a banda para que alcance vôos maiores – melodias e linhas instrumentais muito bem trabalhadas e harmônicas, letras inteligentes com doses de romantismo, críticas, bom humor, reflexões e refrãos que você, assim, meio que sem perceber, sai cantando por aí.
Parabéns aos Informais pela excelente obra musical – sem dúvidas, um dos melhores lançamentos nos últimos tempos.
PS: (Parei de escrever esse review há duas horas atrás. E continuo com o refrão “estava escrito antes…” na cabeça.)
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